terça-feira, 12 de julho de 2011

A beleza invisível

É breve, é pequena, a distância que separa o avô do neto. Feito o arado que rasga
a terra, a passagem do tempo deixa sulcos na alma e no rosto.

“As viagens sucedem-se e acumulam-se como as gerações. Entre o neto que foste e o avô que serás, que pai terás sido?”

A única coisa que nós temos de fato é a vida. E com ela podemos fazer tudo, ou nada.
Pais, filhos e netos. No fim das contas, cada um tem que caminhar com seus próprios passos. Buscar uma experiência de significação, trilhar a senda do auto-aperfeiçoamento.

A vida é um instante, um sopro.

Quantas gerações já vieram e se foram, quantas ainda virão e igualmente passarão...




Menos de uma hora de vida.
O primeiro beijo. Há quem sustente que é o amor das mães que mantém o mundo em seu eixo. Memórias poéticas e afetivas. Os pequenos gestos e instantes que revestem de beleza e ternura o tempo.




Nos vagões da existência terrena, por um breve instante passeamos. O ato de observar é a única chave que abre a porta dos mistérios. A paisagem de fora, a vemos com os olhos de dentro. A paisagem é um estado de alma. Na realidade, o que vemos está em nós. Não vemos o que vemos, vemos o que somos...

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”

Ter olhos para a beleza do céu, para a poesia das nuvens. Cultivar a quietude do espírito como potência de transformação. Ter um olhar capaz de discernir a beleza invisível.

A filosofia oriental nos ensina que a mais bela imagem não tem forma. Resgatar a beleza, a poesia e a espiritualidade capazes de suavizar a nostalgia do Absoluto.
Cultivar a magia e o encantamento de se estar no mundo. Cativar a via do Silêncio
dentro de nós. Esta existência terrena é uma oportunidade de despertarmos da letargia e do sono. Esta existência terrena é a infância da Eternidade. Uma oportunidade para nos aproximarmos da Pura Luz que habita nossa finitude.

Felizes os que aproveitam com sabedoria a preciosa aventura que é o existir. Feliz o olhar capaz de discernir a beleza do invisível...

Nenhum comentário:

Postar um comentário