sexta-feira, 1 de abril de 2011

Era uma vez o Amor...

Era uma vez um grande, enorme e indescritível vazio existencial. Não havia som, não havia luz, não havia movimento. Não havia vida. Até que não se sabe de onde nem quando, não existe registro, não existia o tempo, não existia nada.

Surgiu uma Luz!!! Que forte Luz! Que Luz inebriante! Que Luz ofuscante! Que Luz fulgurante!

De onde viria se nada existia? Talvez um encanto, uma mágica, um milagre? De quem? De onde? Era difícil evitar o espanto. Era o AMOR em forma de Luz, o AMOR que se faz criador de estrelas, galáxias, o Universo sem fim.

Mas o AMOR sentia-se só, sem ninguém para ver, sem ninguém para conversar, sem ninguém para amar, sem ninguém para rir e até mesmo pra chorar. Era preciso criar, inventar, moldar um ser a Imagem e Semelhança do AMOR, mas era preciso criar um ambiente, um local, um jardim talvez, onde o ser criado pudesse viver.

E como num passe de mágica ao Seu mandar, tudo se fez, tudo se criou e o AMOR por AMOR criou a Sua Imagem e Semelhança: O mais ambicioso projeto de Suas Mãos.

E o AMOR teve a sua primeira decepção. Sua maior obra O desobedeceu, se rebelou, se envolveu em malícia, pecou. O AMOR censurou-o, encolerizou-se e do jardim o expulsou. O projeto inicial havia sido alterado. As criaturas tão queridas nas quais o AMOR tinha depositado tanta esperança iam ter que trabalhar, enfrentar muitos desafios e obstáculos para viver e um dia iriam morrer.

Mas o AMOR pensou: Teria que haver um modo de torná-los felizes, teria que resgatá-los. Uma idéia surgiu: Virei até eles, viverei com eles, falarei com eles comerei e beberei com eles. As criaturas se multiplicaram: centenas, milhares, dezenas de milhares, a cobiça a inveja e o egoísmo foram despertados pelas criaturas que receberam o livre arbítrio de seu Criador, o AMOR.

Entretanto houve alguém muito amado pela prudência, pelo equilíbrio e obediência e que foi arrebatado. E a maldade continuou a crescer. Era tão grande o crescimento que o AMOR até se arrependeu a ponto de querer exterminar as criaturas que criou.

Porém existia alguém que o amava, escutava e o consultava. O AMOR o preservou da fúria das águas que se avolumaram sobre a terra. Tudo recomeçou sob a aliança das cores firmada entre o AMOR e as criaturas. Novamente a multiplicação: centenas, milhares, milhões, obedientes, às vezes e na maioria relapsos, maus e fúteis.

O AMOR passou a compreendê-los. Eram em sua maioria volúveis, mas muitos se destacavam, muitos O amavam. Eles se organizaram em nações. Guerrearam, se maltrataram, se mataram. Esqueceram-se que eram a Imagem e Semelhança do AMOR.

Um dia uma pedra preciosa tão resplandecente, tão refulgente que a mais brilhante estrela surgiu e o AMOR a amou. Através da simplicidade imaculada daquela flor em forma de luz o AMOR se manifestou aos homens.

Bendito o que vem em nome do AMOR. Hosana nas alturas!

E o AMOR veio, foi perseguido, nem mesmo um lugar apropriado para nascer, teve, e os homens carentes de amor não reconheceram que o AMOR estava entre eles. A Pérola guardiã teve que emigrar para outro país a fim de proteger o AMOR da fúria dos homens egoístas que estavam doentes pela carência de amor. Exilado, perseguido, discriminado o AMOR viveu os primeiros anos entre os homens.

Trinta anos se passaram. Onde estaria o AMOR? Teria voltado sem nenhuma mensagem ter dado? Teria se decepcionado com os homens que o receberam tão mal? De repente o Mar da Galiléia se agita. O coração do primeiro pecador palpita. Era o AMOR, quem diria, já maduro, esguio, formoso faz o primeiro convite: Vem e segue-me!

Estavam abertas as portas do céu para os homens de boa vontade. Outros convites foram feitos e eles O seguiram: Pedro, André, João, Tiago, Bartolomeu, Filipe, Tomé, Mateus, Tiago filho de Alfeu, Simão o zelota, Judas filho de Tiago e Judas Iscariotes que o traiu.

O AMOR pregou, ensinou, falou sobre coisas impossíveis para os homens como amar os inimigos, dar sem espera recompensa, receber ofensas e perdoá-las. Os grandes da época se escandalizaram com tais propostas, uniram-se, agitaram o povo e condenaram o AMOR.

O AMOR às vezes foge a razão, mesmo sofrendo os tormentos da crucificação olhou para os lados e viu sofrimento, notou arrependimento, viu alguém em tormento e ouviu-se uma voz: Senhor olhe pra mim, lembre-se de mim quando estiveres no Paraíso. E o perdão veio num gesto preciso: Ainda hoje estarás comigo no Paraíso.

As frases mais famosas continuaram:
"- Pai perdoa-lhes, não sabem o que fazem."
No desespero:
"- Pai, por que me abandonastes?"
Na resignação:
"- Em Tuas Mãos entrego meu espírito."

Mataram o AMOR. Houve profundo silêncio por alguns momentos, houve uma fenda no tempo, sacudiram-se os alicerces da eternidade: ventos, raios, trovões, escuridão total. Rasgou-se o véu do templo, acovardou-se a vaidade e alguém mesmo em pecado exclamou: Na verdade esse era o Filho de Deus!

Desceram-no da cruz, emprestaram-lhe um sepulcro e ali o depositaram. Os grandes da época colocaram soldados para vigiarem, mas no terceiro dia uma Luz cegou-os e a pedra foi removida e o AMOR voltou envolvido na mais fulgurante Luz. Um Deus frustrado? Um AMOR frustrado? Um AMOR derrotado, humilhado?

Não!!! O AMOR jamais se calou e um dia até se humilhou entre as barras de uma cruz, mas eis que de novo ressurge e volta vitorioso no terceiro dia mais radiante e cheio de Luz. Ficou entre os homens mais alguns dias, depois o AMOR se elevou e de onde veio voltou causando grande apreensão.

Mas ele é quem dita as normas: Divino tem muitas formas. Transformou-se em Comunhão. E o AMOR continua nos dias de hoje entre os homens de boa vontade.

Texto: Luiz Gonzaga da Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário