“O reino dos céus está dentro de vós”, disse o Cristo.
O
mesmo pensamento está por outra forma expresso nos Vedas: “Tu trazes em ti um
amigo sublime que não conheces”.
A
sabedoria persa não é menos afirmativa: “Vós viveis no meio de armazéns
cheios de riquezas e morreis de fome à porta”. (Suffis Ferdousis).
Todos
os grandes ensinamentos concordam neste ponto: É na vida íntima, no
desabrochar de nossas potências, de nossas faculdades, de nossas virtudes,
que está o manancial das felicidades futuras. Há em toda alma humana dois
centros ou, melhor, duas esferas de ação e expressão. Uma delas, circunscrita
à outra, manifesta a personalidade, o “eu”, com suas paixões, suas fraquezas,
sua mobilidade, sua insuficiência. Enquanto ela for reguladora de nosso
proceder, temos a vida inferior semeada de provações e males. A outra,
interna, profunda, imutável, é, ao mesmo tempo, a sede da consciência, a
fonte da vida espiritual, o templo de Deus em nós. É somente quando este
centro de ação domina o outro, quando suas impulsões nos dirigem, que se
revelam nossas potências ocultas e que o Espírito se afirma em seu brilho e
beleza. É por ele que estamos em comunhão com “o Pai que habita em nós”,
segundo as palavras do Cristo, com o Pai que é o foco de todo o amor, o
princípio de todas as ações. Por que meio poremos em movimento as potências
internas e as orientaremos para um ideal elevado? Pela vontade! O uso
persistente, tenaz, desta faculdade soberana permitir-nos-á modificar a
nossa natureza, vencer todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a
morte. É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um alvo
determinado. Na maior parte dos homens os pensamentos flutuam sem cessar. Sua
mobilidade constante e sua variedade infinita, pequeno acesso oferecem às
influências superiores. É preciso saber concentrar-se, pôr o pensamento
acorde com o pensamento divino. Então, a alma humana é fecundada pelo
Espírito divino, que a envolve e penetra, tornando-a apta a realizar nobres
tarefas, preparando-a para a vida no Espaço, cujos esplendores ela,
enfraquecidamente, começa a entrever desde este mundo. Os Espíritos elevados
vêem e ouvem os pensamentos uns dos outros, com os quais são harmonias
penetrantes, ao passo que os nossos são, as mais das vezes, somente
discordâncias e confusão. Aprendamos, pois, a servir-nos de nossa vontade e,
por ela, a unir nossos pensamentos a tudo o que é grande, à harmonia
universal, cujas vibrações enchem o espaço e embalam os mundos. A vontade é a
maior de todas as potências; é, em sua ação, comparável ao ímã. A vontade de
viver, de desenvolver em nós a vida, atrai-nos novos recursos vitais; tal é o
segredo da lei de evolução. A vontade pode atuar com intensidade sobre o
corpo fluídico, ativar-lhe as vibrações e, por esta forma, apropriá-lo a um
modo cada vez mais elevado de sensações, prepará-lo para mais alto grau de
existência. O princípio de evolução não está na matéria, está na vontade,
cuja ação tanto se estende à ordem invisível das coisas como à ordem visível
e material. Esta é simplesmente a conseqüência daquela. O princípio superior,
o motor da existência, é a vontade. A Vontade Divina é o supremo motor da
Vida Universal! O que importa, acima de tudo, é compreender que podemos
realizar tudo no domínio psíquico; nenhuma força fica estéril, quando se
exerce de maneira constante, em vista de alcançar um desígnio conforme ao
Direito e à Justiça. Pela vontade criadora dos grandes Espíritos e, acima de
tudo, do Espírito divino, uma vida repleta de maravilhas desenvolve-se e
estende, de degrau em degrau, até ao infinito, nas profundezas do céu, vida
incomparavelmente superior a todas as maravilhas criadas pela arte humana e
tanto mais perfeita quanto mais se aproxima de Deus. Se o homem conhecesse a
extensão dos recursos que nele germinam, talvez ficasse deslumbrado e, em vez
de se julgar fraco e temer o futuro, compreenderia a sua força, sentiria que
ele próprio pode criar esse futuro. Cada alma é um foco de vibrações que a
vontade põe
Querer
é poder! O poder da vontade é ilimitado. O homem, consciente de si mesmo, de
seus recursos latentes, sente crescerem suas forças na razão dos esforços.
Sabe que tudo o que de bem e bom desejar há de, mais cedo ou mais tarde,
realizar-se inevitavelmente, ou na atualidade ou na série das suas existências,
quando seu pensamento se puser de acordo com a Lei Divina. E é nisso que se
verifica a palavra celeste: “A Fé transporta montanhas.
Não é
consolador e belo poder dizer: Sou uma inteligência e uma vontade livres; a
mim mesmo me fiz, inconscientemente, através das idades; edifiquei lentamente
minha individualidade e liberdade, e agora conheço a grandeza e a força que
há
Não
há alma que não possa renascer, fazendo brotar novas florescências. Basta-vos
querer para sentirdes o despertar em vós de forças desconhecidas. Crede em
vós, em vosso rejuvenescimento em novas vidas; crede em vossos destinos
imortais. Crede em Deus, Sol dos sóis, foco imenso, do qual brilha em vós uma
centelha, que se pode converter em chama ardente generosa!
Sabei
que todo homem pode ser bom e feliz; para vir a sê-lo basta que o queira com
energia e constância. A concepção mental do ser, elaborada na obscuridade das
existências dolorosas, preparada pela vagarosa evolução das idades,
expandir-se-á à luz das vidas superiores e todos conquistarão a magnífica
individualidade que lhes está reservada. Dirigi incessantemente vosso
pensamento para esta verdade: - que podeis vir a ser o que quiserdes. E sabei
querer ser cada vez maiores e melhores. Tal é a noção do progresso eterno e o
meio de realizá-lo; tal é o segredo do força mental, da qual emanam todas as
forças magnéticas e físicas. Quando tiverdes conquistado este domínio sobre
vós mesmos, não mais tereis que temer os retardamentos nem as quedas, nem as
doenças, nem a morte; tereis feito de vosso “eu” inferior e frágil uma alta e
poderosa individualidade!.
(Léon Denis - Obra: O Problema do Ser,
do Destino e da Dor)
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sábado, 18 de agosto de 2012
A Vontade
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