segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sedução, o eterno feminino

Charme, mistério e sedução são características do eterno feminino. Que coisa misteriosa é o charme! Charme e mistério, aliás, são duas coisas muito misturadas. Em outras palavras, o charme contém, necessariamente, doses de mistério. Já o mistério nem sempre contém charme. Às vezes é tédio. A confusão entre tédio e mistério às vezes ocorre. Em certas mulheres, o difícil é saber se o que elas têm é mistério ou é tédio. Você investe a maior expectativa no mistério dela. Chega perto e, de mistério, não há nada. Puro tédio. É fogo!

Como vivemos tempos de tédios, de entediados e entediadas precoces, é muito comum deparar-se com um desses tédios abissais que se fizeram atraentes aos primeiros contatos por parecerem mistério.

Há mil interpretações, sutilezas, explicações e nuances, mas o básico no eterno feminino é uma coisa: a certeza de que a relação sedutora sempre está presente. É uma certeza a priori. Uma condição preliminar. Pode ser amigo, relação profissional, pessoa superpsicoanalisada, intelectual, o que for: a reação da mulher sempre esconde ou demonstra a iminência da sedução. Ela está sempre em estado de risco e sedução. Seduzindo, ou sendo seduzida. Sempre.

Esse “esconde-revela”, a iminência da sedução, pode atingir graus de extrema sofisticação, disfarce e sutileza.

Conheço mulheres avançadas, na assim dita melhor idade, que estão a anos luz distantes de relações sexo-afetivas de qualquer natureza, mas que ainda guardam gestos, atitudes e expressões desse eterno feminino. Em certas mulheres, ele não é adquirido: é constitucional. E quando é da constituição da mulher, não passa nunca.

Há uma percepção da qual o eterno feminino dotou certas mulheres protótipo: é a capacidade de saber-se olhada antes mesmo de olhar para o lado de quem a admira; antes mesmo de ter olhado na direção do admirador. A mulher assume uma atitude corporal e gestual de quem sabe que pode estar sendo olhada. Que deve estar sendo olhada. Que está sendo olhada. É espantoso! Eis aí o eterno feminino!

Artur da Távola
Publicada em 10/11/2007 no ODIAONLINE.

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