sábado, 24 de dezembro de 2011

Tudo pode ser como você imagina

Em um universo menor do que o átomo estão chaves para elucidar questões existenciais do ser humano e mistérios do cosmo. Para quem explica o mundo e a vida apoiado nas ideias da mecânica quântica, a cada instante podemos modificar as coisas ao nosso redor e a nosso favor. E isso é só o começo de um poderoso conhecimento que está ao alcance de todos.

O que é realidade? Deus existe? Quem sou eu?

Ao longo dos séculos, o ser humano buscou na filosofia, na religião e na espiritualidade, resposta para suas dúvidas cruciais. Agora é a vez da ciência lançar novas luzes sobre os mistérios do Universo e da mente. Estudos da física e da matemática convergem em um ponto: há uma força inteligente e superior, presente em tudo e todos, ligando o Universo.

Para desvendar os segredos do chamado mundo real, cientistas voltam o olhar para a mecânica quântica - o ramo da física que estuda os fenômenos ocorridos no nível mais elementar da matéria: o das partículas subatômicas (menores que o átomo).

Descoberta no fim do século 19, a teoria quântica chacoalhou o mundo científico ao questionar o determinismo da física clássica, proposta por Isaac Newton (1643-1727), até então tida como definitiva. Esse mergulho no minúsculo abriu horizontes nunca antes observados. Com base nesse campo da física, pesquisas em áreas como astronomia, bioengenharia, cibernética e telecomunicações ganharam alento.

E mais: na escala microcópica do Universo estaria o código para compreender o cosmo, a vida e a mente.

Entre conceitos surpreendentes um se destaca: a realidade é subjetiva e apenas existe em função do observador. Ou seja, só há realidade se houver alguém para construí-la. Essa teoria desmonta a distinção entre realidade e imaginação.

Diferentemente do que fomos condicionados a acreditar, o mundo externo não é mais real do que o interno e o homem tem mesmo a seu dispor a possibilidade de controlar os acontecimentos ao redor.

A nova ciência diz: o que acontece dentro de cada um cria e dá forma ao que acontece fora. Nossa percepção é, em última instância, a geradora do que se entende por mundo real. Então vem a pergunta inevitável: o que é a realidade? Há diferença entre a maneira como percebemos o mundo e sua veradeira natureza?

A vida tem um ilimitado leque de escolhas. A mecânica quântica permite que o intangível fenômeno da liberdade seja incorporado à natureza humana. Portanto, o mundo à nossa volta pode ser interpretado como um campo de possibilidades infinitas.

"Existem realidades paralelas e vivemos apenas em uma delas. Cada um de nós vive uma diferente dimensão do mundo real, que se desenrola de forma simultânea, mas não necessariamente idêntica", afirma por sua vez, o filósofo Mário Sérgio Cortella, consultor de ética, educação e gestão do conhecimento e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Se temos essa capacidade de escolher a realidade, por que então optamos por algo desfavorável? Por que entramos em relacionamentos frustrantes, optamos por trabalhos pouco satisfatórios, caímos frequentemente em círculos viciosos de tristeza e dor?

Na verdade, nossa interpretação do mundo é sempre colorida por percepções e experiências anteriores. Ou seja, criamos a realidade de acordo com nossos antecedentes emocionais. A dificuldade do cérebro em se distanciar de algo provado anteriormente tem um mecanismo já conhecido. As células nervosas, os neurônios, possuem ramificações para se conectar em redes, e a cada pensamento ou sentimento, várias conexões se formam nessa vasta teia. Por exemplo, o amor. Não é um conceito genérico, e sim pessoal: a ideia está guardada numa vasta rede de associações neurológicas e participa de um encadeamento de muitas possibilidades. Por isso, algumas pessoas associam paixão a desapontamento e traição, só para citar percepções possíveis. Quando pensam no amor, experimentam a memória da dor, da mágoa ou até da raiva.

Outro experimento capaz de demonstrar como as respostas emocionais nos influenciam em nível quântico foi o do pesquisador japonês Masaru Emoto. Com um microscópio ultrapotente, ele observou e fotografou as formas indefinidas de moléculas de água retirada de uma represa. Após ter sido benzida por um monge zen-budista, a mesma água apresentou cristais com contornos harmoniosos. Belos desenhos também apareceram nas moléculas de água destilada guardada em garrafas etiquetadas com dizeres como 'obrigado' e 'amor'. Assim, Emoto sugeriu: se a água reage a eventos não físicos, como oração, intenção e pensamento, o mesmo pode ocorrer com o corpo humano - composto por 70% de água. Essas são apenas algumas chaves oferecidas pela ciência para elevar nosso relacionamento com o mundo e com nós mesmos.

Existem várias formas de realidade em potencial, que podemos escolher, e o pensamento é capaz de modificar o mundo de forma consciente - e consistentemente. "Cada direção que você toma no espaço leva a uma diferente possibilidade, como no universo subatômico", diz o físico e escritor Fred Alan Wolf, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Wolf lembra um conceito proposto na Grécia antiga pelo filósofo Platão: "Ele dizia que existe um mundo ideal, do qual o mundo real não passa de uma cópia tosca". Segundo os princípios da física quântica, na verdade uma ciência de possibilidades, podemos a cada momento melhorar a qualidade dessa cópia.

Wilson F. D. Weigl
Fonte: Bons Fluidos - Nº 79 - Dez/2005

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