Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer, mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor.
- Camões -
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